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Abutres têm papel importante na natureza… e na economia!

Até 2048, os abutres poderão contribuir com mais de 18 milhões de euros para a economia nacional.


Foi publicado o primeiro estudo de quantificação dos serviços dos ecossistemas prestados pelos abutres em Portugal. O trabalho foi desenvolvido no âmbito do projeto LIFE Aegypius Return e analisa os benefícios que três espécies de abutres - abutre-preto, grifo e britango - proporcionam à sociedade portuguesa.

abutre-preto, britango e grifos          foto: Bruno Berthemy ©
abutre-preto, britango e grifos foto: Bruno Berthemy ©

Estudo pioneiro em Portugal

Conservar uma espécie ou grupo taxonómico requer o envolvimento de muitos setores de atividade e da comunidade em geral. Compreender a importância dessa espécie ou grupo - muitas vezes injustamente associados a mitos ou perceções negativas, como no caso dos abutres - é essencial para criar um entendimento comum e eficaz para a sua proteção. Um estudo desenvolvido e agora divulgado pelo projeto LIFE Aegypius Return valorou e quantificou alguns dos serviços dos ecossistemas prestados pelas três espécies de abutres que nidificam em Portugal (abutre-preto Aegypius monachus, grifo Gyps fulvus e britango Neophron percnopterus): redução de custos de transporte e incineração de carcaças de gado (serviço SIRCA), evitamento das respetivas emissões de gases com efeito de estufa, e contributos para a receita do ecoturismo. É o primeiro estudo deste tipo realizado com as populações de abutres de Portugal.


O estudo estimou que, em 2023, os serviços prestados pelos abutres em Portugal representaram potencialmente mais de 668 mil euros em benefícios económicos. A projeção até 2048 - ano em que, mantendo-se os programas de conservação em curso, se espera que a população de abutre-preto atinja a capacidade de carga em Portugal - aponta para um valor acumulado potencial superior a 18,6 milhões de euros, combinando custos evitados e receitas associadas ao ecoturismo.


Todos os cálculos podem ser consultados no documento disponível na página do projeto LIFE Aegypius Return.


Abutres e serviços dos ecossistemas

De uma forma muito simplificada, os serviços dos ecossistemas são os benefícios que as pessoas obtêm da biodiversidade e do funcionamento dos ecossistemas, desde bens e materiais, como alimentos e matérias-primas, até aos solos férteis e à gratificação espiritual.

Os abutres prestam-nos numerosos serviços. São necrófagos obrigatórios, pelo que desempenham um papel crucial na reciclagem de nutrientes, na remoção de contaminantes do solo e da água, e na regulação da propagação de doenças. Ao consumirem animais mortos, limitam a transmissão de doenças, removendo matéria orgânica em decomposição do ambiente e contribuindo para o controlo das populações de necrófagos facultativos e possíveis vetores de doenças infeciosas, como os cães ferais ou as ratazanas.


A sua capacidade de consumir rapidamente carcaças de gado pode reduzir significativamente as emissões de gases com efeito de estufa associadas à recolha e transporte de carcaças para centrais de processamento. Em 2023, as populações de abutres em Portugal terão consumido perto de mil toneladas de carne de gado em regime extensivo que morreu nas explorações pecuárias. Através deste consumo, terão evitado mais de 313.000€ em custos de transporte e processamento das carcaças, o que corresponde a um evitamento de quase 1.200 toneladas de dióxido de carbono e danos ambientais estimados em aproximadamente 163.000€.


Os abutres também prestam serviços culturais e espirituais que remontam a milhares de anos, bem como serviços recreativos sob a forma de ecoturismo, especialmente para observadores de aves e fotógrafos de natureza. Observar os abutres no seu habitat natural tem um valor significativo, e o ecoturismo em torno das áreas de reprodução e alimentação dos abutres pode gerar importantes fontes de rendimento local. As estimativas muito conservadoras apresentadas no estudo cifram as receitas de ecoturismo motivado pela observação de abutres em 14 municípios da zona raiana do país em cerca de 192.000€/ano, valor com grande potencial de expansão.


observação de abutres     David Delgado/LPN ©
observação de abutres David Delgado/LPN ©

Muito mais do que economia

O estudo agora disponível tem como objetivo demonstrar os benefícios proporcionados por populações saudáveis de abutres no nosso território de uma forma mais facilmente percetível. É uma ferramenta para comunicar a relevância da conservação das aves necrófagas a decisores, profissionais como produtores pecuários, turistas e ao público em geral. A estimativa de valores monetários reforça a ideia de que proteger os abutres é contribuir para a saúde dos ecossistemas, o bem-estar humano e o património natural comum, tendo, ainda, benefícios financeiros.


No entanto, os autores do estudo sublinham que estes valores representam apenas uma parte quantificável do contributo real dos abutres para a sociedade. O valor destas aves - como o da biodiversidade em geral - para o bem-estar humano reveste-se de princípio éticos e intangíveis, e excede largamente qualquer estimativa monetária. A sua importância ecológica, cultural e simbólica não pode ser totalmente traduzida por parâmetros económicos.


Porém, há uma certeza: ecossistemas saudáveis e funcionais - onde os abutres têm necessariamente um papel relevante - trazem benefícios diversos, para todos!


abutre-preto          foto: Bruno Berthemy ©
abutre-preto foto: Bruno Berthemy ©

O projeto LIFE Aegypius Return é cofinanciado pelo programa LIFE da União Europeia. O seu sucesso depende do envolvimento de todos os stakeholders relevantes, e da colaboração dos parceiros: a Vulture Conservation Foundation (VCF), beneficiário coordenador, e os parceiros locais Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural, Herdade da Contenda, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Liga para a Protecção da Natureza, Associação Transumância e Natureza, Fundación Naturaleza y Hombre, Guarda Nacional Republicana e Associação Nacional de Proprietários Rurais Gestão Cinegética e Biodiversidade.

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